sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Além da volúpia


uma flor de carne e osso
folhas e pele
caule
pescoço
flor de couro
sua copa e sua sombra
em meu corpo mouro
entrelaça teus galhos com meus dedos
tua casca com meus pêlos
teu tronco e pernas
sementes
espermas
flor-furta-cor
é sempre por um triz
seremos um fruto
uma fruta feliz
da raiz até a ponta do nariz
beba minha saliva
implosiva
e façamos a sua foto
fotossíntese
e quando o amor se auto-lenhar
a vida passará,
mais alta que os pássaros
e você ressuscitará em um pequeno lápis
e na sua lápide
escreveremos a sua última poesia.

(Ubirathan Martins)

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